sábado, 9 de junho de 2018

O papel da universidade na desconstrução do racismo estrutural



“O papel da universidade na desconstrução do racismo estrutural”
 
A abolição da escravatura foi e continua sendo contada de muitas maneiras, e a data de 13 de maio de 1888 mantida como o ponto final da escravidão, talvez, porque a literatura sempre procurou atribuir a abolição à Princesa Isabel e não a uma conquista dos negros. 

A verdade é que as injustiças cometidas contra os negros africanos produziram cicatrizes tão profundas e vergonhosas que, ainda hoje, os descendentes da sociedade dominante escravocrata precisam encontrar meios de se livrar dos fantasmas por eles criados durante os duros anos da escravidão. Entretanto, o que eles pouco ou nada se interessaram e não estão interessados, estes anos todos foi e continua sendo em encontrar meios de compensar os quase quatrocentos anos de trabalhos forçados impostos a seres humanos que foram expropriados de seus bens culturais, religiosos, de suas famílias e de suas terras. 

Neste sentido, a lei da abolição tem o significado de uma dispensa do trabalho sem direito a nada. Na verdade, o povo negro nunca aceitou nem a escravidão, nem a indiferença da sociedade branca em relação às condições nas quais foram deixados.
O movimento negro no Brasil na sua árdua luta pelo resgate da própria história tem feito importantes resgates de nomes dos verdadeiros heróis da abolição e da luta pela conquista da dignidade dos descendentes de escravos. O movimento negro decididamente escolheu o dia “20 de novembro como dia da Consciência Negra”, consagrado à luta pela libertação dos escravos, em homenagem ao seu líder maior, Zumbi dos Palmares, morto em combate pelos seus ideais e pelos ideais dos escravos de origem africana, no ano de 1695 no Quilombo dos Palmares. 

A data já virou feriado municipal em muitas cidades em todos os Estados do Brasil, da mesma forma do sistema de cotas e outras políticas de ações afirmativas tem sofrido, mas resistido aos protestos da elite dominante. 

O dia 20 de novembro é dia de reflexão de conscientização, não apenas do negro, mas de todos, para a construção de uma sociedade mais justa e humana sem discriminação. 

José Paulo Ferreira Gomes
Coordenador executivo do NEAB

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